"Era estranho, passar por tudo sem ter a ajuda de quem tanto dizia ser meus amigos. Eles riam, eu ria também, mas por dentro um mar estava atingindo meu coração. Meus olhos tentavam marejar, mas eu fui mais forte. Todos olhavam pra mim, faziam piada sobre o que eu falava, e ninguém sabia a hora de parar. E aquilo estava sim, magoando-me. Sai da escola, com a intenção de não ver a cara de ninguém, sentei em um banco vazio, na verdade tinha gente mas eles se afastaram quando eu cheguei. Foi ali que a cena começou, deparei-me com a maquilhagem escorrendo em meu rosto, e as minhas lágrimas molhavam todo o uniforme da minha escola, todos estavam a falar de mim, ninguém sabia o quanto eu estava a sofrer, aquilo era horrível, era como entrar em uma depressão espontânea, sabes daquelas que te dá de repente. Meu corpo já estava cheio de tanta mágoa, eu não sabia o que fazer, estava passando por essas cenas todos os dias, mas mesmo assim um sorriso eu levava para aquela sala. Passaram-se dias e nada havia mudado, além de minha aparência, cada vez mais decadente, como o brilho de uma estrela que aos poucos vai se apagando, todos já haviam percebido isso, mais um motivo de rirem de mim, não consegui mais ver tudo aquilo, foi quando sai da aula, em direcção à saída daquela precipício que ficava mais fundo a cada dia, sai sem direcção e coordenada, quando me vi na frente de um camião, ele vinha em alta velocidade, foi então que eu encontrei a solução de todos os meus problemas, continuei ali parada, ele buzinou mas agora não adiantaria mais (….).
Havia acabado toda aquela dor, aquela magoa, antes eu podia ouvir algumas palavras ditas na sala de emergência, “ ela não irá resistir ”, devo eu ter dado um fraco sorriso. Hoje estou em paz com meu interior, e a todos aqueles que um dia me causaram todos esse mal, quero que Deus possa iluminar todo esse sentimento que te corroí e ilumine teu coração. Tudo é engraçado, quando não é tua essa dor."
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